

ALBA
“Alba” é um projeto que cruza as linguagens da dança contemporânea, da música clássica e da literatura, juntando duas estruturas de Santa Maria da Feira (o Ballet Contemporâneo do Norte e a Orquestra Filarmónica Portuguesa) num espetáculo multidisciplinar. Em 2023, um ano depois da comemoração do 50.º aniversário da primeira publicação das “Novas Cartas Portuguesas” de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa (1972), e um ano antes da comemoração do 50.º aniversário da Revolução de Abril (1974), o projeto propõe-se a questionar, de uma forma ao mesmo tempo lúdica e crítica, os significados políticos, históricos e sociais, mas também poéticos e filosóficos, da palavra ‘liberdade’. Partindo da frase “A liberdade é a persistência do riso de quem aguentá-lo pode sem esgar”, que encontramos na ‘primeira carta última e provavelmente muito comprida e sem nexo’ das Três Marias (5.9.1971), pretendemos indagar que liberdade é esta que hoje ostentamos, como a conquistámos (ou quem a conquistou por nós), e que desafios se nos impõem para a sua manutenção. Precisaremos de lutar por ela, hoje como antes? E no depois, será livre o futuro que imaginamos? Neste espetáculo, avançaremos com o conceito de liberdade enquanto trabalho-em-progresso, interligando-o com as ideias de resistência, revolução, comemoração, participação e cidadania.
Sobre o título: “Alba” é um género de poesia provençal ou cantiga de amigo, que descreve a aproximação do amanhecer depois do encontro entre dois amantes. É também essa hora mágica antes do amanhecer, quando se abre espaço ao transcendente e ao simbólico, ao mágico e ao sublime/subliminar; um espaço de liberdade, imune aos constrangimentos de todos os sistemas hegemónicos e opressores; e um tempo de contemplação e imaginação, onde a fábula do futuro é sonhada e planeada. “Alba”, o espetáculo, irá sugerir um encontro de corpos (os que tocam a música e os que a dançam, como se fossem um só), corpos capazes de anunciar a alvorada donde irrompe a revolução de Abril, o dia inicial inteiro e limpo pensado por Sophia, e ao mesmo tempo o grito de libertação, que rompe com todos os espartilhos, e que trespassa as “Novas Cartas”.


Encenação: Susana Otero
Coreografia e Interpretação:
Carminda Soares, Filipa Duarte, Maria R. Soares, Margarida Monteny e Susana Otero
Figurinos: Jordann Santos
Cenografia: Colectivo Suspeito
Desenho de Luz: Pedro Abreu
Maquilhagem e cabelos: Maria Fontes e Patrícia Lima
Textos de apoio: Rogério Nuno Costa
Composição Musical: Nuno Guedes de Campos
Direção Musical: Osvaldo Ferreira/André Lousada
Orquestra Filarmónica Portuguesa
CIRAC
Teatro Municipal da Guarda
Europarque
2023