uma criação BALLET CONTEMPORÂNEO DO NORTE
Ideia, coreografia e direcção artística | Mariana Tengner Barros
Co-criação e interpretação | Susana Otero
Co-criação, música original e interpretação | PandemiCK (a.k.a. Jonny Kadaver)
Desenho e operação de luz | Daniel Oliveira
Figurino de Susana Otero | António Mv
Texto | Rogério Nuno Costa
Fotografia e vídeo | Victor D. Rosário com Nuno Antunes
Acompanhadora e make-up | Sade Risku
Apoio | anasousaatelier
Residências artísticas | A22, EIRA e ZDB/negócioCo-Produção | A Bela Associação
Produção | Inês Nogueira
Agradecimentos | Armazém 22, mala voadora, Eira
Estreia: 16 e 17 de dezembro - malavoadora.porto;
9 de Janeiro no Cineteatro António Lamoso;
de 13 a 16 de janeiro na ZDB/ Negócio
Uma peça do Ballet Contemporâneo do Norte
Coreografada por Dinis Machado
Dançada por Mariana Tengner Barros, Susana Otero, Filipe Pereira e Jorge Gonçalves
Desenho cénico, de figurinos, iluminação e som: Dinis Machado
Fotografia: Miguel Refresco
Vídeo: Sofia Arriscado
Design Gráfico: Eduardo Ferreira
Produção Executiva: Inês Nogueira
Co-produção: Temps d’Images Lisboa
Criado em residência: Pavilhão da Lavandeira, Santa Maria da Feira e Armazém22, Vila Nova de Gaia
Estreia: 29 de outubro Cineteatro António Lamoso
1, 2 e 3 de Dezembro Festival Temps d'Images Lisboa
8 de Setembro Festival My Wild Flag, Weld, Estocolmo, Suécia
IN A MANNER OF SPEAKING
I melted my gender into a skin of stone
A bone
A physical rhyme
A tender mime of a desire of mine
In a Manner of Speaking é um poema, não como devaneio lírico, mas como lugar onde a escrita coreográfica se sedimenta na sua própria dimensão lúdica. Começou com um convite do Ballet Contemporâneo do Norte para revisitar a minha primeira peça de grupo Parole, Parole, Parole... (2010).
Sem qualquer nostalgia formal, sobraram desta reponderação um micro-universo em contínua reformulação e o investimento na função fática de uma linguagem coreográfica que abandona a sua dependência de qualquer ideia de conteúdo, desenvolvendo-se como exercício proto-político de presença (colectiva), não minimal ou essencialista, mas hiperficcional.
In a Manner of Speaking é assim uma autoficção estrutural sobre uma companhia de dança. Um exercício hiperformal de um virtuosismo inventado a partir de fragmentos e técnicas de uma história da dança propositadamente lacónica, apropriada e inventada. Uma especulação subjectiva, um olhar deformado e calcificado por uma prática convicta. Um manifesto anti-essencialista onde ficções e factos se misturam, sem qualquer hierarquia, para a criação de um habitat proto-futurista. Uma emancipação da verdade e uma celebração da ficção. Um exercício para reclamar o direito de reinventar a história do seu próprio corpo e cidadania. Uma coreografia mirabolante onde os corpos dos performers são postos às avessas, não através de qualquer ilustração de exercício libertário, mas através de uma aceleração hiperformal.
Será talvez evidente o acento de uma reflexão e reescrita de género neste exercício ficcional:
Corpos remontados pelo paradoxo entre a evidência e a impossibilidade da definição do feminino.
Corpos proto-futuristas que se experimentam no jogo lúdico de propor uma ideia de dança que os reestrutura.
Corpos que se propõem a uma prática de género pós-binário e pós-panfletário.
Uma metamorfose intima de um queer silencioso que acontece na quase invisibilidade dos ossos, da carne e da pele.