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uma criação BALLET CONTEMPORÂNEO DO NORTE

Encenação e composição | Pedro Rosa

Cenografia, direção do atelier de construção | João Pedro Rodrigues

Coreografia, direção do atelier de movimento | Flávio Rodrigues

Interpretação | reclusas do Recinto Prisional de Santa Cruz do Bispo

Realização, Imagem e Edição | Nelson Castro e Sofia Afonso

Desenho de luz | João Teixeira

Pós-produção áudio e composição musical | Carlos Salgueiros

Coordenação geral | Susana Otero

Assistente de coordenação geral | Luís Carolino

Produção | BCN

Co-Produçao | Imaginarius Festival Internacional de Teatro de Rua

Estreia: Maio 2013

A CONSTRUÇÃO

 

Criação coletiva - projeto comunitário

O Ballet Contemporâneo do Norte ultrapassa um momento de viragem. Com 20 anos de existência sentimos a necessidade de criar um projeto eclético que abrisse o trabalho artístico à comunidade, através da integração de minorias sociais num espetáculo. Para concretizar este objetivo, foi escolhido um grupo de reclusas do estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo, que integrará o elenco desta nova criação intitulada de “ A Construção”.

Concepção e coreografia: Flávio Rodrigues

Texto e Documentação: Rogério Nuno Costa

Cenografia e Figurinos: Vera Mota

Registo Audiovisual: Christian Barbe

Sonoplastia: Von calhau!

Publicação: Joana von Mayer Trindade

Interpretação: Susana Otero, Cristina Planas Leitão, Bruno Senune, Pedro Rosa

Desenho de luz e Direção Técnica: João Teixeira

Fotografia: JM Castelo Branco e Andreas Dyrdal

Produção: BCN
Apoio à Criação: CMSMFeira, ESPAÇO DO TEMPO
Co-produção: Balleteatro

NIL CITY de Flávio Rodrigues

 

There are two ways to live: you can live as if nothing is a miracle; you can live as if everything is a miracle.
Albert Einstein

NIL-city é o título da minha próxima criação, uma proposta da Companhia Ballet Contemporâneo do Norte, companhia com a qual colaboro como intérprete desde 2009, e que este ano me caberá coreografar. Desenvolvo os meus próprios projetos pluridisciplinares (maioritariamente a solo) desde 2006, interessando-me por abordagens autobiográficas e auto-referenciais, e acreditando que a política do “eu” destapa o pano do mundo que me rodeia. Para NIL-city, e contrariamente a anteriores projetos, existe um coletivo de intérpretes que irei “manipular” enquanto observador “externo”: o corpo do outro será entendido enquanto potencial escultura multi-referencial, que tenciono conhecer, para poder transformar. NIL será, assim, um bailado (infinitamente) “moderno”, onde o corpo e suas potenciais formas de movimentação serão a matéria primordial. Motiva-me para esta criação a necessidade de criar um lugar em branco (essa “utopia”), para onde se emigra pela perfeição, e onde não foram (ainda) criadas estratégias políticas ou formas de sobrevivência pós-capitalistas; escapam-se, porém, do mundo, mas continuam lá, e criam réplicas, quase que pequenos mundos, nunca necessariamente melhores. Pretendo falar de valor, de fim, de escapes, de zonas paradisíacas, de favelas camufladas, de turismo, mas acima de tudo de amor: amor por um Deus às vezes super high, outras super low tech — natural, perfeito, valioso e anárquico.


Flávio Rodrigues, 2013

“Nil-City” podia começar por impôr a seguinte ficção: uma equipa de investigadores do Departamento de Física de uma qualquer Universidade ocidental conseguiu provar, afinal, que não há espaço para tudo, e muito menos para todos. E a seguir rebater com a seguinte realidade: os idiotas têm sempre razão. O resultado desta equação-performance é uma reflexão sobre o Fim enquanto resultado mais ou menos directo de uma saturação, mas invertendo os eixos: a matemática de “Nil-City” não se alicerça em espiritualidades (o nada, o vazio, o vácuo), mas antes numa materialidade unívoca — “Nil” é igual a ZERO. Trata-se, portanto, de uma performance est(ética)mente inaugural, partindo dos estilhaços deixados a solo pela explosão meta-referencial de “Rara: um discurso ingénuo e utópico”, a caminho de um não-lugar preenchido em excesso por um colectivo de intérpretes que será, ao mesmo tempo, hóspede e hospedeiro, matéria (meio) e material (fim): um Bing Bang ao contrário, ou então um arrefecimento global. Através desta implosão bi/polar, “Nil-City” desenhará a maquete de um País a-referencial e inócuo, onde o tempo toma consciência da sua condição convencional, parando; e onde todas as duplicidades se transformam em triplicidades.

É a “alternate version” do universo para onde todos queremos/vamos emigrar: um lugar em suspenso, sem antónimos, sem fricção, sem interrogações nem interrogatórios, sem política; onde o Luxo não é um luxo, onde a Arte (essa sub-categoria do Design) é um mero fetiche decorativo, onde o Ouro é o novo preto; um lugar sem limites, logo, profundamente limitado. “Nil-City” convida-nos a uma paragem higiénica, não para pensar, não para agir, mas para condenar a nossa existência a uma neutralidade total e absoluta. “Nil-City” não é um milagre; é uma guerra fria.


Rogério Nuno Costa

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